O médico Dr. Helbert Monteiro após duas semanas de sua demissão concede entrevista e explica o motivo que deixou o CAPS de Sacramento
Coincidentemente
na data (18 de maio) em que se comemora o “Dia da Luta Antimanicomial” e a “A
Reforma Psiquiátrica” o qual tem seu lema o atendimento mais humanizado e
também promover gradualmente a desinstitucionalização, evitar internações, o que causam a estas
pessoas já tão sofridas com transtornos mentais a exclusão social e a
impossibilidade da reinserção social. Justamente assim é o que o médico Doutor Helbert
Monteiro preconizava em seu tratamento aos alcoolistas e dependentes químicos
de Sacramento, uma forma mais humanizada, na integralidade “Corpo, Mente e Alma”
com o apoio de seus familiares, dentro de seus lares, o qual relaciona seus
resultados claramente evidenciados. Dr. Helbert Monteiro quebrou o silêncio e
atendeu solicitação do blog de notícias VIROU
NOTÍCIA, colocando à tona o motivo que deixou de atender em Sacramento.
O
médico começou a trabalhar na cidade em 2017, no primeiro ano do atual governo
do prefeito Wesley De Santi de Melo, o “Baguá” e encerrou o atendimento este
mês, com a informação de que estava sendo demitido pelo Secretário de Saúde
Reginaldo Afonso, de forma inesperada pois seu êxito era muito grande com esse
público, recebendo o comunicado em uma segunda-feira, final da tarde após
terminar de atender um paciente inicial, e o que lhe foi falado que o motivo
que a prefeitura teria que conter gastos e fazer cortes . Ele atendia na
unidade de saúde do CAPS (Centro de Atenção Psicossocial), e era o médico
referência em tratamento em Alcoolismo/Dependência Química.
Com
sua saída, a população e principalmente familiares dos pacientes que eram
atendidos pelo médico, foram as redes sociais, e exigiram explicações dessa
medida pelo secretário, pois os mesmos estavam obtendo resultados positivos e já
tinham um vínculo com Dr. Helbert Monteiro e percebiam que isso era fundamental,
e essa conexão não conseguiam anteriormente com outros profissionais médicos do
CAPS.
Na
última edição do jornal ET, o secretário justificou: “A secretaria de saúde
está passando por algumas reestruturações de serviços em função da nova
realidade imposta pelo momento. São ações de caráter administrativos e nenhum
serviço será prejudicado. Os serviços de atendimento às pessoas acometidas pelo
álcool, crack e outras drogas estão sendo agendados normalmente no CAPS”.
O OUTRO LADO
O
médico afirmou que ao ser contratado para trabalhar na rede municipal
apresentou e implantou um protocolo de atendimento criado e desenvolvido por
ele, com um formato de assistência “consultas próximas”, o qual ouvia bem as
histórias de cada paciente para entender melhor cada um e melhor ainda serem
tratados, o que promovia dois pontos importantes para que estes pacientes
comumente resistentes à tratamentos fizessem um vínculo forte e também melhor
adaptação aos medicamentos “psicofármacos” usados, consequentemente com
seguimento em seus processos terapêuticos .
Dr. Helbert em sua totalidade de seus projetos , queria implantar a parte preventiva
onde nesse eixo preventivo o próprio secretário Reginaldo deu o nome de projeto
“Cara Limpa”, tinha conjuntamente com tratamento ambulatorial também projetos
para a reinserção social; relatou inclusive que esteve com Baguá e também com o
promotor José do Egito, e ambos acharam muito pertinente e importante, pois
estes indivíduos precisavam se sentirem úteis após suas recuperações, voltar a
trabalhar, terem uma oportunidade para reinserirem no mercado de trabalho.
Conforme
o médico, o prefeito achou muito interessante seu projeto, quis colocar em
prática e caso fosse legalmente aprovado pelo Legislativo e pelo Judiciário,
pois se tratava de um projeto inédito e Sacramento seria pioneira. Mal sabiam
os familiares e pacientes que tal trabalho renderia um tratamento tão elogiado
e traria mais esperança para alcoolistas e dependentes químicos. E o resultado
disso foi comprovado e reconhecido, principalmente agora com a repercussão de
sua saída quando toda a população sacramentana, soube das melhorias na
qualidade de vida de cada paciente que foi atendido pelo Dr. Helbert, em seus
relatos e de seus familiares lamentando e pedindo sua volta.
Dr.
Monteiro explicou que o atendimento diferenciado de sua consulta se baseia em “
Ouvir” e “ Compreender” cada caso e que esse protocolo que também executa em
outras duas cidades - Araxá e Campos Altos -
“obtendo graças à Deus estes mesmos resultados, sendo bem reconhecidos e
valorizados. O tratamento começava na recepção, desrotulando estes pacientes com
essa triste doença já muitas das vezes discriminados e excluídos da sociedade,
que os orientavam que estavam ali para fazer um projeto de vida, serem tratados
com respeito, que fosse devolvido sua saúde física, equilíbrio psíquico e
dignidade, a vontade de voltarem a sonhar novamente e mais que sonharem,
tornarem realidade uma vida renovada e a fé, com valores verdadeiros e
possíveis de serem resgatados”.
Ele
relatou inclusive que esse caso é delicado. “É uma situação diferente. Existia
a nossa relação de profissional e tanto ele [o paciente] quanto sua família,
acreditava no processo de recuperação. Confiavam em nosso trabalho o qual eu
implantei e não deixa de mencionar sua equipe de Álcool e Drogas, com psicólogos
e assistente social. Gratidão. É uma pena ter ocorrido desta forma”, disse.
Demissão – ele contou também que
poucos dias antes de ser informado que não atenderia mais no CAPS, apresentou
ao secretário um atestado que deveria estar em isolamento por 14 dias conforme
o protocolo, pois o secretário queria que ele fosse atender na UBS “Aracy
Pavanelli” pacientes que apresentassem sintomas suspeitos de Covid-19 – que segundo
ele: “estava sem médicos para atender e por duas razões não acatou: a primeira,
por ter viajado à São Paulo e ter sido recomendado não atender os pacientes na
cidade até que se confirmassem os exames de Covid-19 de dois colegas médicos
que teve contato em São Paulo e apresentavam sintomas, e também porque estava o
afastando do CAPS e de seus pacientes que
não podiam ficar sem suporte, tanto que durante os 14 dias que ficou em quarentena , mesmo à distância atendeu
todos esses pacientes por ‘Telemedicina’ através de videoconferências para que
não faltassem nada em nenhum nesse momento difícil de pandemia e por serem mais
vulneráveis à instabilidade e recaídas, não os deixou desamparados”, frisou.
Outro
motivo que não aceitou ir para a UBS “Aracy” em atender os pacientes com
sintomas gripais (Covid-19) que como outros médicos e o próprio Dr. Reginaldo
que estavam em afastamento por serem do grupo de risco, “eu também faço parte
do grupo de risco, tenho diabete com exames
e relatório médico do especialista que me trata, mas ele foi rude comigo e
acredito não ter gostado de eu dizer não poder acatá-lo naquele momento e me
disse que se eu não quisesse trabalhar, era só falar ‘pelo telefone’ que eu não
precisava voltar”. Porém, o isolamento foi definitivo para Dr. Helbert, pois
não precisou retornar mais para atender seus pacientes que estavam em
acompanhamento no projeto de recuperação.
E
Sacramento ficou sem mais um profissional que estava dando certo. O mesmo
aconteceu com aquele projeto “No Limite” que foi desenvolvido pela
nutricionista Daiany Costa e também interrompido ou substituído por outro que
até hoje não teve a mesma repercussão com resultados positivos.
INFORME PUBLICITÁRIO
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